Lost Gardens of England

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Lost Gardens of England

Lost Gardens of England, de Kathryn Bradley-Hole, ed, Country Life, 2004

 Propor a leitura de um livro sobre jardins perdidos – ou, para semos mais exactos, destruídos – aos membros de uma associação de defesa do património cultural e natural pode parecer de gosto duvidoso se não devêssemos sempre ter presente que foi precisamente para salvar um palácio e um jardim em risco que a AAM nasceu nos anos noventa do século passado. É também, de resto, para garantir que essa situação não se volta a repetir que é necessário manter uma associação como a nossa, não obstante a satisfação com que se constata o estado actual e as melhorias projectadas no Parque e Palácio de Monserrate.

 A natureza efêmera dos jardins, dependentes de uma atenção e manutenção humana permanentes, torna-os fácilmente perdíveis e é dessas perdas que nos fala Lost Gardens of England, de Kathryn Bradley-Hole. Publicado a partir dos inesgotáveis arquivos fotográficos da revista britânica Country Life, fundada em 1897 e uma quase-instituição do Reino Unido, Lost Gardens of England faz parte de uma série de álbuns nos quais, sempre a partir das mesmas fontes iconográficas, se pode avaliar a extensão das perdas que o património britânico sofreu, mercê não tanto das guerras, como na Europa continental, mas dos efeitos das alterações sociais e económicas do Séc. XX, bem como de políticas governamentais que, aparentemente dirigidas aos seus proprietários, acabaram por destruir um património cultural que, claramente, não podia ser encarado apenas como privado mas pertencendo a todo o país. Foi a (in)consciência dessa perda que levou à criação de instituições como o National Trust ou o British Heritage, pensadas para conservar um património agora já sentido como comum mas conservando, na medida do possível, a ligação aos seus proprietários.

Lost Gardens of England mostra-nos assim 45 jardins ingleses das épocas vitoriana e eduardiana, fotografados entre os últimos anos do séc. XIX e os anos 30 do séc XX, contando-nos a sua história e a dos seus criadores, tendo a autora revisitado os locais onde existiram para nos fazer perceber como o status quo ante era bastante melhor do que o estado presente dos seus loci. À medida que nos embrenhamos no livro, surpreendemo-nos a estabelecer paralelos com os jardins de Monserrate, percebendo melhor como estes fazem parte de um conjunto vasto de parques e jardins que correspondem ao gosto e à riqueza da aristocracia e da grande burguesia no apogeu do Império Britânico, com a diferença, natural, da vantagem que um clima como o nosso representa quanto à implantação e conservação de espécies botânicas ao ar livre. Este é um livro que se lê e vê melancolicamente, com o reconforto final de pensar que Monserrate não figura - nem figurará no que de nós depender - em nenhuma edição semelhante.

Sugestão do Sócio André Dourado

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